Três anos depois de se revelar um dos maiores músicos do mundo com o congelante "For Emma, Forever Ago", Bon Iver trazia o seu segundo disco, o seu florescido, maduro e intrigante álbum homônimo.
"Bon Iver" abre espaço a muitas coisas que não aconteceram em seu antecessor. Sua produção encontra mais diversos arranjos, suas letras parecem estar muito maduras e sua atmosfera, ainda que semelhante a de seu álbum de estreia conta com um amontoado de crescimentos.
Suas reflexões abertas que vinham anteriormente agora soam mais fechadas, delicadas. Isso parece estar claro na abertura, "Perth", uma ácida e defensiva faixa. O disco por todo é tomado por complicadas palavras, transições e batidas notavelmente interessantes, como também é em "Minessota, WI", que se alastra de versos complicados, metáforas inspiradas pelos contatos de Justin com a natureza e sua própria mente. Algo que nessa faixa se destaca é o verso "Settle past a patience where wishes and your will are spilling pictures, water's running through in the valley where we grew to write this this scripture:", aonde o artista então repete por quatro vezes a escritura: "Never gonna break", um denso verso aonde Justin faz referência ao seu lares e acontecimentos anteriores de uma maneira que soa como um pedido que ainda que delicado pode ser lido como agressivo, a liberdade.
Desenrolando essa maneira de criar músicas densas e cheias de analogias aos invernos, histórias e outras maneiras místicas de explorar o folk, o grande destaque "Holocene", soa como uma memória funda de um quadro perdido. Suas lembranças de infância e vida adulta que aqui tomam uma forma só e parecem tomar seus valores mais fundos, como o ato de descobrir que somos insignificantes e isso é muito significante ou o ato de valorizar um lar que foi destruído em um incêndio.
Tudo aqui pode soar ambicioso, assim como a ideia de que cada faixa aqui representa um lugar, e como tudo soa como um só. "Bon Iver" soa menos natural e orgânico que "For Emma, Forever Ago", suas faixas representam tanta coisa que chega a ser sufocante, ainda assim, acaba por ser um dos melhores álbuns que já tivemos acesso.