Portas

Após uma década sem lançar nenhum material inédito, Marisa Monte retorna com 'Portas', que apesar de novo, remonta a velha fórmula da artista em fazer MPB.

Nos últimos 10 anos a música - nacional ou internacional - passou por profundas mudanças, entre elas, o surgimento e crescimento das plataformas digitais, além da transição provocada por essas plataformas que inaugurou o serviço de streaming, principal marco desse período. Dado esse contexto, fica fácil perceber o quão 10 anos representa muito tempo e como Marisa Monte pôde preparar seu então recém lançado álbum: Portas.

Acompanhada de uma mistura deliciosa de instrumentos orgânicos, Marisa Monte encaixa suas composições - como poesias - em bases que vão desde piano, flauta, guitarra e até mesmo o batuque das escolas de samba, tudo muito bem alinhado aos ótimos vocais que mesmo depois de tanto tempo parece não cansar de exibir sua delicadeza e formosura, duas coisas presentes em 'Calma', 'Medo do Perigo', 'A Língua dos Animais', 'Praia Vermelha', 'Em Qualquer Tom' e 'Elegante Amanhecer', sendo essa última faixa um ótimo tributo à Portela e ao carnaval brasileiro.

No geral, 'Portas' se mostra um disco sem muitas pretensões e dentro de tudo que Marisa já havia feito em trabalhos anteriores, mas que de certa forma, acaba sendo prazeroso saber que mesmo depois de anos, aquela MPB que tanto marcou os anos 90 e 2000 ainda existe e respira bons ares graças a artistas como Marisa Monte.