Cinco anos depois do seu último disco de estúdio, Kendrick Lamar segue causando o mesmo impacto que causava quando lançou os seus mais importantes trabalhos. A força com que ele rima, a forma com que os versos são cuidadosamente encaixados no instrumental pensado de forma meticulosa, são coisas das quais também pouco vemos acontecer. Apesar do lirismo ser um dos pontos mais fortes de Lamar, aqui em Mr. Morale & The Big Steppers, a sonoridade é de longe o ponto mais interessante de todos. De batidas secas a uma orquestra comandada por instrumentos orgânicos, cada fragmento de música, ou barulhos que sejam, parecem preencher um espaço diferente do outro. Essa variação torna-se essencial para tornar a experiência menos cansativa como muitos discos longos costumam ser.
Apesar do som ser de primeira categoria, o lirismo não passa despercebido. Devido às minhas limitações com o inglês, tive dificuldades de compreender 100% do que Kendrick aborda em algumas faixas. Porém, do pouco que eu consegui absorver, foi o suficiente para notar o quão firme, direto e provocador — no bom e no mal sentido — ele continua diante de temáticas das quais parecem fazê-lo espremer o cravo da sociedade de uma forma muito abrangente, passando por diferentes camadas e espectros sociais.
Por fim, Mr. Morale & The Big Steppers fica marcado como um dos materiais mais importantes do ano, algo esperado vindo do artista que está acostumado a fazer história.